Cadastrado no Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) há mais de duas décadas, o funcionário público Alessandro Nahabedian, 46 anos, realizou sua primeira doação de medula óssea. Morador de Campo Grande, ele foi 100% compatível com o paciente que recebeu a doação, algo raro de ocorrer entre pessoas que não são parentes.
A estimativa é de que a chance de se encontrar um doador compatível é de 1 em 100 de doadores aparentados e 1 em 100 mil entre não aparentados. Por isso é necessária uma grande quantidade de voluntários, e com isso aumentar a possibilidade de encontrar um doador compatível.
A coleta das células de Alessandro ocorreu em São Paulo (SP) em etapas que duraram dez dias. Após diversas injeções para estimular a produção de células-tronco, internação, procedimento cirúrgico para colocar um cateter e dois outros efetivos para a doação da medula, ele relata a emoção de salvar a vida de uma pessoa, que ainda não conhece.
“Eu faria tudo de novo se precisasse. É uma emoção muito grande, só fazendo mesmo para sentir. No hospital onde eu fiquei, as pessoas da equipe vinham falar comigo, me parabenizar. E mesmo agora que voltei para casa, ainda recebo os cuidados, me ligam para perguntar como estou. Sou monitorado o tempo todo”, disse Nahabedian.
Os procedimentos realizados para garantir a doação, não intimidaram Alessandro, que nunca tinha sido internado ou submetido a qualquer procedimento cirúrgico. “Eu fiquei receoso, tive algumas reações na semana que tomei as injeções. O procedimento para a coleta é feito em uma máquina semelhante da hemodiálise, precisa de uma entrada e uma saída, por isso são dois cateteres. Mas a minha veia do braço esquerdo estava fina, então tive que colocar no pescoço. Mesmo assim valeu muito a pena, pois contribui para proporcionar mais saúde a alguém que precisa”.
Mesmo sem contato com o paciente que recebeu a doação, Alessandro soube – pela equipe médica – da gratidão da família dele. “As enfermeiras me contaram que a mãe do paciente comemorou e disse “chegou a salvação do meu filho” e que ela se emocionou. Quando soube disso, também fiquei emocionado”.
O funcionário público é doador de sangue há 25 anos, e se cadastrou no Redome durante uma campanha do Hemosul. “Me pediram para ser doador de medula e eu aceitei. Até então, eu não tinha noção do que era e esqueci. Os anos passaram e seis meses atrás me ligaram dizendo que eu podia ser compatível com alguém que precisava. Na mesma hora fui ao Hemosul fazer os exames. Outras quatro pessoas estavam no processo, mas eu fui 100% compatível e aceitei doar”, explicou Alessandro.
Durante os preparativos o processo chegou a ser suspenso por quase um mês, o que gerou preocupação. “Eu me coloquei no lugar da pessoa que precisa, da família. Com certeza ele é filho de alguém, ou pai, ou poderia ser uma criança. E eu a única esperança dele”.
A experiência envolveu toda a família. Acompanhado de perto pela filha Sandriely, 18 anos, durante o processo de doação, a esposa Muriel, e filha caçula, Isabely, 6 anos, também apoiaram a ação. “Minha esposa fez um diário nas redes sociais, sobre tudo que aconteceu. Quando voltei fui buscar minha filha na escola e ela se derramou de chorar, ficou orgulhosa, contando pra todo mundo que eu era doador de medula. E minha filha mais velha me acompanhou na viagem, ficou do meu lado a todo momento”, disse Alessandro.
Doação de medula
Atualmente, 188.029 pessoas de Mato Grosso do Sul estão cadastradas no Redome. Em 2023, até junho, 672 pessoas efetivaram cadastro no sistema que foi implantado em 2001. Em 22 anos, o Hemosul estima que 80 pessoas do Estado efetivaram doações de medula óssea.
O Redome é responsável pela manutenção das informações de todos os doadores voluntários de medula óssea cadastrados no Brasil e pela identificação de possíveis doadores para pacientes brasileiros. Esta atividade está sob coordenação do INCA (Instituto Nacional de Câncer).
O cadastro do doador permanece ativo no Redome até ele completar 60 anos de idade e, assim, ele poderá ser selecionado para um paciente ao longo de toda a sua vida.
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros – públicos ou privados – de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde e existem duas maneiras de obter estas células.
Na coleta de medula óssea, o procedimento ocorre em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação de 24 horas. As células serão coletadas através de punções.
Na doação por aférese, as células são coletadas diretamente da corrente sanguínea, através de um procedimento de aférese que dura cerca de 3 a 4 horas mas, neste caso, o doador deverá receber uma medicação por cinco dias para estimular as células-tronco.
No Brasil, após o transplante, o doador e o paciente beneficiado podem solicitar informações após seis meses, é permitida a troca de correspondência após um ano e a revelação das identidades somente após 18 meses. Porém, caso o paciente seja estrangeiro, alguns países não permitem a revelação.
Em Mato Grosso do Sul, o cadastro para ser doador de medula pode ser feito no Hemosul. Outras informações estão disponíveis no site http://redome.inca.gov.br.
Serviço
O Hemosul Coordenador fica na Av. Fernando Corrêa da Costa, 1304. O funcionamento é das 7h às 17h durante a semana e das 7h às 12h no sábado. Os telefones para contato são 3312-1517 e 99298-6316 (WhatsApp).
Natalia Yahn, Comunicação Governo de MS
Fotos: arquivo pessoal
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